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O inventário e os desafios enfrentados após a perda de um familiar

A perda de um ente querido é sempre um momento difícil e sensível. Mas, para além do luto e da dor emocional, a morte de um familiar pode dar início a um processo ainda mais desgastante: o inventário. 

Em muitos casos, a partilha de bens se torna motivo de discórdia entre herdeiros, provocando rupturas familiares, processos judiciais longos e altos custos financeiros. No entanto, há uma forma mais eficiente, pacífica e inteligente de conduzir essa etapa, através da mediação.

O que é inventário e por que surgem tantos conflitos?

O processo de partilha é responsável por regulamentar a divisão dos bens deixados por alguém após o falecimento, garantindo que seus sucessores legais recebam o que lhes é de direito. 

Esse processo pode ser realizado pela via judicial, quando há menores de idade, discordâncias ou outras questões complexas, ou pela via extrajudicial, feita diretamente em cartório, desde que todos os herdeiros estejam de acordo e legalmente aptos.

Embora o inventário em cartório seja mais rápido, muitas famílias acabam enfrentando disputas que tornam o processo judicial inevitável, e é justamente nesses casos que a mediação pode fazer toda a diferença.

Por que o inventário judicial costuma ser demorado?

O principal motivo da demora no inventário judicial está nos conflitos entre os herdeiros. Divergências sobre a divisão dos bens, dificuldades de comunicação, ressentimentos antigos ou até desinformação sobre os direitos de cada um são fatores que alimentam disputas. 

Além disso, a burocracia, o excesso de processos acumulados no Judiciário e a falta de documentação adequada contribuem para a lentidão. O resultado é um processo que pode se arrastar por anos, impedindo que os bens sejam utilizados e consumindo tempo, energia e recursos de todos os envolvidos.

Como a mediação no inventário ajuda a resolver conflitos

A mediação surge como uma alternativa eficiente para resolver esses impasses. Trata-se de um método de resolução de conflitos no qual um profissional imparcial, o mediador, atua como facilitador do diálogo entre os herdeiros. 

Diferente do processo judicial, que impõe uma decisão, a mediação busca um acordo construído pelas próprias partes, de forma voluntária e colaborativa. Esse caminho é especialmente recomendado quando os herdeiros possuem vínculos familiares próximos e desejam preservar suas relações, mesmo diante de discordâncias.

O papel do mediador na partilha de bens

O mediador não julga nem impõe soluções. Seu papel é criar um ambiente seguro, equilibrado e respeitoso, onde todas as partes possam ser ouvidas, expor seus interesses e trabalhar juntas para encontrar alternativas viáveis. 

Ao identificar os pontos de conflito, conduzir as conversas e estimular a cooperação, o mediador promove a construção de um consenso que atenda às necessidades de todos.

Quando recorrer à mediação no inventário?

A mediação no inventário pode ser aplicada em diversas situações: quando há discordância sobre a venda de um imóvel, quando um dos herdeiros não concorda com a avaliação dos bens, quando existem bens de uso comum e não se chega a um acordo sobre sua destinação.

Ou mesmo quando as emoções envolvidas dificultam uma conversa direta entre os familiares. Em todos esses casos, a mediação ajuda a transformar o confronto em colaboração.

Benefícios de optar pela mediação no lugar do litígio

Além de reduzir significativamente o tempo e o custo do processo, a mediação permite que os herdeiros tenham mais autonomia na tomada de decisões, criando soluções mais personalizadas e eficientes do que aquelas que seriam impostas por um juiz. 

Por ser um procedimento sigiloso, a mediação também protege a privacidade da família e evita a exposição dos conflitos em processos públicos.

A atuação do advogado como mediador no inventário

O papel do advogado nesse contexto também merece destaque. Advogados especializados em mediação podem atuar como mediadores extrajudiciais, conciliando o conhecimento técnico com habilidades comunicativas e empáticas. 

Também podem representar seus clientes durante o processo de mediação, orientando sobre os direitos, auxiliando na formulação de propostas e garantindo que os acordos estejam em conformidade com a lei.

Planejamento sucessório: como evitar conflitos antes mesmo do inventário

Além da mediação, outra forma de evitar disputas no inventário é o planejamento sucessório, que pode ser feito ainda em vida por meio de testamentos, doações ou outros instrumentos legais. Essa organização prévia permite que a vontade do titular do patrimônio seja respeitada e reduz significativamente o risco de conflito entre os herdeiros.

A mediação é o caminho mais eficiente para partilhas em paz

Conduzir um inventário com equilíbrio emocional, segurança jurídica e respeito às relações familiares é possível. E a mediação mostra, na prática, que é possível resolver de forma pacífica questões que, tradicionalmente, terminariam em litígio.

Se você está passando por um inventário ou conhece alguém vivendo essa realidade, considerar a mediação pode ser o passo mais sensato. Com apoio profissional, é possível transformar um momento de incertezas em um caminho de resolução e acolhimento mútuo.

Por Andreza Justin.